Indispensável á execução musical, a regulagem da tensão das cordas requer
atenção e cuidados especiais para ser feita de maneira correta.
De maneira concisa, pode-se definir a afinação como o ajuste
feito em um instrumento de modo a atingir a freqüência correta, conforme
padrões pré- estabelecidos, das notas a serem emitidas por ele. No contrabaixo,
tal regulagem é feita por meio da definição de uma tensão especifica para cada
corda, que é esticada ou afrouxada conforme o sentido dos giros realizados na
tarraxa à qual ela está presa.
Saiba tudo sobre afinação do baixo
Durante a história da música, vários padrões de afinação foram criados. A
primeira tentativa de unificar o tom em uma escala foi realizada na França,
após protestos de cantores contra a tendência de aumento nas freqüências, que
tornava as canções mais agudas, seguida por vários compositores ao longo do
século 19. No dia 16 de Fevereiro de 1859, o governo local criou
uma lei que fixava em 435 Hz o Lá abaixo do Dó central — que, na cultura
ocidental, localiza-se exatamente entre as claves de Sol (que fica acima) e de
Fá (localizada abaixo).
Conhecida como tom francês, continental ou internacional — este último
não pode ser confundido com o que viria a ser o padrão internacional, adotado
em 1939, este modelo tornou-se bastante popular também fora do país
europeu, sendo utilizado por músicos de várias outras nacionalidades.
Outra variante, intitulada filosófica ou tom científico, determinava que o Dó
tivesse exatamente 256 Hz, resultando no Lá abaixo em 430,54 Hz. Esta afinação
ganhou alguma popularidade por causa de certas conveniências matemáticas, mas
nunca foi amplamente usada porque não recebeu qualquer forma de reconhecimento
oficial.
Ainda no século 19, os ingleses também tentaram padronizar a afinação de seus
instrumentos, cunhando o chamado old philharmonic pitch, com base em Lá
na freqüência de 452 Hz. Posteriormente, o formato foi substituído em 1896 pelo
new philharmonic pitch, que equivale a 439 Hz.
Em 1939, uma conferência internacional recomendou a criação do tom concerto, em
que o Lá abaixo do Dó central possui afinação de 440 Hz. Este parâmetro foi
aceito em 1955 pela lnternational Organization for Standardization (ISO),
responsável pelo estabelecimento de normas mundiais em diversos segmentos da
atividade humana. O órgão reafirmou sua decisão em 1975, dando a este padrão o
nome ISO 16.
Diferenças
De acordo com a ISO, o Lá abaixo do Dó central deveria ser alterado de 439
para 440 Hz porque a freqüência antiga era muito difícil de ser reproduzida em
laboratórios, já que correspondia a um número primo. O novo valor passou a ser
aceito pela grande maioria dos músicos, garantindo ao lSO 16 o posto de
afinação mais comum usada em nível mundial.
Embora as
orquestras americanas e inglesas sigam adotando este sistema em seus arranjos,
alguns países vêm adotando tons mais altos. Nos grupos sinfônicos da Europa
continental, por exemplo, o Lá é freqüentemente regulado em 442 Hz, enquanto na
Alemanha, Áustria e China a nota costuma ser ouvida na freqüência de 445 Hz.
Na música popular, contudo, a
regulagem contínua sendo realizada em 440 Hz na quase totalidade dos casos.
Deste modo, a afinação mais popular do contrabaixo padrão é a mesma de uma
guitarra ou violão, mas em uma oitava abaixo. A freqüência de cada corda solta,
então, obedece ao seguinte quadro:
CORDA
|
NOTA
|
FREQÜÊNCIA
|
1 (mais fina)
|
G (sol)
|
97.999 Hz
|
2
|
D (Ré)
|
73.416 Hz
|
3
|
A(Lá)
|
55 Hz
|
4 (mais grossa)
|
E (Mi)
|
41.204 Hz
|
Em um baixo de seis, há o acréscimo
da Si grave e da Dó aguda, que são normalmente afinadas a 30,868 Hz e 130,813
Hz, respectivamente. As cordas presentes em instrumentos de sete, oito ou mais,
possuem outras faixas de freqüência e são reguladas em intervalos de quartas
justas em relação às anteriores.
Afinações Alternativas
Hoje em dia, existem outros tipos de afinação para contrabaixos de seis
cordas bastante comuns na música popular. Uma das principais é a chamada Drop
D, que consiste em descer um tom do Mizão, tornando-se um Ré grave (36.708
Hz) quando solto. Há baixistas que instalam em seus instrumentos um equipamento
chamado tarraxa extensora (em inglês, hipshot), dotado de uma alavanca
capaz de fazer a corda mudar de Ré para Mi e vice-versa.
Existem ainda músicos que costumam descer um tom de toda a afinação de seu
instrumento nas apresentações ao vivo. E o caso de bandas como o Jota Quest,
que utilizam este expediente para ajudar o vocalista a poupar a garganta e, ao
mesmo tempo, não mudar os desenhos das linhas. Outros artistas preferem descer
a afinação em meio tom tanto nos palcos quanto nas gravações, como os paulistas
do Charlie Rrown Jr. No fim dos anos 90, diversos grupos americanos e europeus
de heavy metal, a grande maioria, pertencente ao movimento new metal —
passaram a utilizar regulagens extremamente graves, visando dar a seus
arranjos uma sonoridade mais sombria e agressiva. Uma delas é o System of a
Down, que usa uma afinação intitulada Drop C. Nela, as cordas Lá, Ré e
Sol ficam em um tom inferior ao original e a Mi, em dois tons, assumindo a
configuração F-C-G-C.
Nas situações em que a afinação torna-se muito mais baixa do que o padrão, o
encordoamento pode ficar excessivamente frouxo, o que afeta sua reverberação.
Em casos assim, uma solução é trocá-lo por um de maior calibre; se a corda Mi é
afinada em Dó grave, por exemplo, talvez seja melhor substituí-la por uma Si.
Há músicos que utilizam um instrumento de cinco cordas de maneira diferente da
usual, instalando uma Dó aguda em vez da Si grave. Então, a afinação adquire o
formato C-G-D-A-E, que é semelhante ao do baixo tenor (C-G-D-A), mais grave que
o padrão. Num de seis, pode-se usar um ajuste igual ao de uma guitarra, ou
seja, E-B-G-D-A-E. Há também os modelos piccolo, que soam
exatamente uma oitava acima em relação ao tradicional.
Métodos de afinação
Entre as diversas
maneiras de afinar um contrabaixo, a mais rápida, eficiente e prática é feita
com o auxílio de afinador eletrônico. O aparelho é ligado ao baixo por meio de
um cabo P10 comum ou, nos modelos mais simples, capta o som do instrumento com
um microfone interno. Alguns modelos de afinador eletrônico têm entrada e
saída, possibilitando seu uso constante durante shows ou gravações. Outros
possuem um metrônomo embutido. Há ainda programas de computador que exercem a
mesma função, assim como pedais de efeitos.
Neste método, ao se tocar uma corda ou harmônico, o aparelho exibe no visor a
freqüência emitida pelo instrumento e sua distância em relação à nota mais
prôxima, de acordo com padrões automáticos (440 Hz) ou regulados pelo usuário.
Então, o músico sabe se deve apertá-la ou relaxá-la para chegar ao resultado
que deseja.
Outro processo, mais indicado para quem possui experiência e uma audição apurada,
é a utilização de outro instrumento. Dessa forma, o músico ajusta as cordas de
modo que soem em uníssono com as referências dadas pela fonte sonora escolhida.
Também é possível regular apenas uma nota e, em seguida, acertar as demais por
harmônicos ou notas iguais, como veremos mais adiante.
Em um método mais antigo que os anteriores, o baixista pode fazer uso de um
diapasão, inventado por John Shore, trompetista do compositor barroco alemão
Georg Friedrich Hándel. O aparelho é feito de metal e capaz de emitir com
precisão determinada frequencia (geralmente, 440 Hz) quando as duas pontas de
sua extremidade em forma de forquilha vibram. Para que isso aconteça, é
necessário golpeá-lo contra uma superfície.
Se você deseja amplificar o timbre
do aparelho, deve encostar sua outra ponta na caixa de ressonância do
instrumento ou em sua cabeça, em uma região próxima à orelha. Vale ressaltar
que o Lá do diapasão está em três oitavas acima de encontrado na terceira corda
do contrabaixo, o que causa um pouco de dificuldade para quem não está
acostumado com essas diferenças. Entretanto, há uma dica: quando a afinação não
é correta, dá para perceber uma leve ondulação entre os dois sons.
Há outra forma simples, mas polêmica, de afinar o contrabaixo. Em grande parte
das linhas analógicas, podia-se ouvir a freqüência de Lá em 440 Hz quando o
telefone era retirando do gancho antes de uma ligação. Hoje em dia, porém, tal
estratégia não é nem um pouco conflável, já que cada aparelho possui um timbre
diferente.
Dicas de regulagem das cordas
A princípio, o diapasão serve para
ajustar apenas a corda Lá. As demais, então, são reguladas em uníssonos de
notas e/ou harmônicos. Um exemplo: o Lá solto tem a mesma frequência encontrada
na quinta casa de Mi, então basta tocar as duas notas simultaneamente (foto
1). Afine o Mizão até que ambas as alturas soem exatamente iguais. O
próximo passo é pressionar Lá na quinta casa e comparar seu timbre com o de Ré
solto. O mesmo processo é repetido nas outras cordas, mesmo em instrumentos de
cinco e seis.
Um detalhe precisa ser reforçado: o contrabaixo trabalha em uma região muito
grave, o que dificulta a definição das notas durante a afinação. Por isso, é
bastante válido o uso dos harmônicos, em que as freqüências são mais claras e
definidas. A nota Lá também é extraída, mas em uma oitava acima, quando o dedo
da mão esquerda é levemente encostado na décima segunda casa (foto 2). Caso repouse de maneira suave
em cima do quinto traste (foto 3), o som resultante é duas
oitavas mais agudo.
Há outra importante informação: os harmônicos do trastes da quinta e da sétima
casa de cordas consecutivas devem ser iguais, conforme mostra a imagem vista na
página anterior (foto 4). Não
se esqueça de que este método é correto apenas para a afinação padrão, ou seja,
Lá em 440 Hz.
Dica
Em um contrabaixo previamente regulado, a afinação pode oscilar de acordo
com inúmeros fatores: alguns deles são, por exemplo, mudanças de temperatura e
umidade. Um dos mais comuns é a instalação de um novo encordoamento, que tende
a afrouxar com facilidade. Para evitar este problema, no momento de colocar cordas zero quilômetro em seu instrumento, é
recomendável puxá-las durante o processo de regulagem (foto 5).
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McautaKcirsaMobile Kathy Tate https://wakelet.com/wake/wFZyre8YQPIn46G7MSINT
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