Como Saber Quando um Baixo é uma Boa Compra - Parte 1
É comum ver músicos insatisfeitos procurando seus luthiers, com a alegação de que seus instrumentos estão "duros” não afinam, apresentam rachaduras, mau contato, cordas altas ou apresentam qualquer outro problema. Sem contar a tradicional falta de regulagem, os diagnósticos mais apresentados pelos técnicos são captadores defeituosos, braço empenado, trastes gastos para esconder imperfeições da escala...Embora em vários casos os defeitos de fabricação sejam ressarcidos pela garantia, o tempo e a dor de cabeça perdidos nesta transação não têm preço. Também há ocasiões em que o músico espera muito tempo para procurar ajuda especializada e, quando o problema é detectado, o instrumento não está mais na garantia. Outro fato é que, às vezes, a qualidade do produto é sofrível. Embora não apresente nenhum defeito, sempre traz maus resultados, mesmo após uma minuciosa regulagem feita por um luthier profissional.
Neste e nos exemplos anteriormente citados, o descontentamento poderia ter sido evitado se o músico tivesse informações mais criteriosas sobre o produto na hora da compra do seu instrumento musical e principalmente na hora de comprar um contrabaixo, sendo ele elétrico ou acústico.
Antes de qualquer coisa, é preciso estar ciente do instrumento necessário para o tipo de música que se pretende tocar. Caso o baixista seja iniciante e não possua tal informação, deve recorrer primeiro ao seu professor ou a um músico profissional, ou mesmo a um luthier, para obter dados fundamentais à escolha mais adequada.
Corpo e Braço
Se algum instrumento te agradou visualmente, pergunte ao vendedor ou verifique nas especificações técnicas que geralmente o acompanha informações sobre o tipo de material com que o corpo do instrumento foi feito. As madeiras nobres são normalmente mais caras e, na maioria das vezes, proporcionam timbres melhores. Dentre elas, destaco o alder, o ash, o maple, o bass wood e o cedro como mais comuns.
O corpo também pode ser feito com madeiras nada nobres como o compensado e o MDF, que não são maciços, mas colados em lâminas. Não existe nada errado em ter um instrumento com este tipo de material, embora não proporcione um som com grandes sustentações. Por serem mais baratos, tornam-se uma boa opção para músicos iniciantes ou com menor poder aquisitivo.
Outro item importante a ser observa do é a possível presença de rachaduras nas laterais. Mesmo pintado, é possível ver alguma evidência quando se examina o instrumento contra a luz — não confundir, porém, com emendas, que sempre são retas e, em sua maioria, estão no centro do corpo ou nas extremidades aos lados, em posição vertical.
O braço, por sua vez, é normalmente feito de maple com escala de jacarandá ou ébano, ou ainda todo de maple ou marfim — esta última, mais comum em instrumentos nacionais. Todas são boas madeiras para este fim. Nestes casos, a escolha se dá mais pelo aspecto visual e pela construção (largura, comprimento, espessura) do que pelo material.
Instrumento “Novo”?
Quando você for testar o contrabaixo na loja, pode ser que o som dele pareça horrível pelo fato de não estar anteriormente regulado. Ou, ainda que esteja, é possível que não ofereça a sonoridade que o músico esperava ou gostaria — neste caso, uma possível justificativa é que a pré-regulagem visa apenas deixar o instrumento com uma estabilidade padrão, não o direcionando especificamente para algum estilo ou técnica.
É importante prestar atenção em alguns itens para saber se o instrumento que agora não está do seu agrado pode ficar legal após uma regulagem de seu luthier. Um dado interessante, que normalmente transmito para meus clientes, é que um instrumento é novo apenas porque nunca foi utilizado. A “data de seu nascimento”, porém, é outra coisa!
Acompanhem o seguinte raciocínio: um baixo japonês qualquer tem sua fabricação findada hoje. Este instrumento passa por uma regulagem e vai para um depósito até ser comprado, o que pode levar muito tempo. Três meses depois, algum importador brasileiro adquire o produto. Até chegar ao País, viaja um bom tempo de navio (de avião, bem menos) e fica parado no depósito, esperando que alguma loja o adquira.
Dando continuidade à nossa historinha, uma loja compra o instrumento três meses após sua chegada ao Brasil e o deixa exposto por mais um trimestre até que, finalmente, algum consumidor o adquira. Ou seja, o instrumento que chamamos de novo atravessou o continente, passou pelas mãos de três “proprietários” e já tem nove meses de existência. Já imaginaram como está ineficiente a regulagem que foi feita lá no Japão?
É bem verdade que alguns lojistas ou importadores fazem alguns ajustes no instrumento antes de vendê-los, mas não em todos e nem de maneira com pleta. A conclusão é: achar que o instrumento “novo” não precisa de ajustes é um grande erro. Muitas vezes, o usado apresenta condições de uso mais favoráveis, pois o antigo dono pode tê-lo regulado recentemente.
É importante sempre consultar alguém mais experiente no momento da compra ou imediatamente depois — neste caso, para que uma troca possa ser efetuada caso o instrumento não esteja a contento.
Confira outro artigo sobre como comprar contrabaixo.
Artigo elaborado por: Edmar Luighi – músico e luthier profissional
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Post o que você achou! Sugestões são bem vindas para melhoria do Blog!